Ultima atualização 09 de fevereiro

Líderes discutem o fortalecimento das instituições

22º Encontro de Líderes, realizado em Florianópolis, debate temas ligados à sociedade, economia, reforma política e futuro

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O tempo presente das coisas passadas no Brasil, e o seu impacto no futuro. Difícil assimilar o raciocínio e passar os olhos sobre alguns pontos que mostram onde chegamos, como sociedade, e para onde vamos. Esta foi a proposta do 22º Encontro de Líderes do Mercado Segurador, organizado pela CNseg em Florianópolis (SC) entre os dias 2 e 5 de fevereiro.

O economista e ecologista Sergio Besserman afirmou que não devemos cair na ilusão de que os desafios econômicos, estruturais e sociais são novos. “Nossa sociedade é uma das mais desiguais no mundo, fato que afeta até as taxas de juros. Todos que trabalham sobre a desigualdade procuram a similaridade que a explicam. Acho que a desigualdade é a cicatriz mais profunda da sociedade brasileira. Somos assim porque somos um reflexo do mundo. Somos iguais ao mundo. A desigualdade não é só de renda: somos uma sociedade profundamente hierárquica e patrimonialista. As coisas presentes do tempo passado estão vivas e ativas”.

Carlos Melo, cientista político e professor do Insper, fez uma interpretação das instituições no Brasil. De início, ele avisou que nas análises atuais de conjuntura, não conseguia levar boas notícias. “Está difícil levar uma mensagem de otimismo sobre o Brasil atual”, declarou. “Quando falo de instituições cito como referência Douglass North, nobel de economia, porque ele diz que as instituições são mais importantes que as descobertas cientificas ou recursos naturais, pois garantem o desenvolvimento econômico, símbolo de eficiência institucional. Sem elas, não é possível promover o desenvolvimento econômico e social. O conceito que ele trabalha é de Matriz Institucional, com conjunto de leis, organizações, regras, história e cultura”, elencou Carlos.

Para ele, no Brasil os avanços institucionais aconteceram, o País está melhor que si mesmo no passado e é o mais avançado dentre dos BRICS. Carlos lembra que mesmo países de instituições consolidadas passam por crises. “A sociedade agora é mais aberta, informada e mais ativa (vide imprensa e mídias sociais). Há também a mudança de mentalidade de coisas que se consolidaram e que não existia no passado”.

A eleição é um processo básico para limitar quem controla as instituições, mas estas são amplamente pensadas, não se limitam a Órgãos de Controle. “A sociedade civil não existe mais como termo de uso, mas ela encolheu e é avessa à política”, opinou Carlos. O corporativismo ainda é um forte componente político, com influência sobre as instituições. A Justiça não pode ser avaliada por uma única instância, comarca ou processo. “Se a gente personaliza a Justiça está errado. Temos que respeitar a lei e não o juiz”.

Samuel Pessoa, economista pesquisador da FGV, disse para olharmos a redemocratização como um avanço para passarmos para uma sociedade aberta, com acesso a serviços públicos e capacidade para exercer uma função e se construir como pessoa.

O caminho das instituições parece bom, na visão dele. “Temos um desenho institucional com presidencialismo forte em sua capacidade de organizar o Congresso, muito fragmentado partidariamente. O presidente deve construir a coalisão”.

A melhora do desenho institucional é melhor do que a melhora da economia. A mediana da sociedade quer muito atacar o problema de distribuição de renda. “No longo prazo percebemos que não há um trade off entre crescimento econômico e equidade social. O eleitor mediano no Brasil vota por aumento da carga tributária e serviços sociais. O problema é que temos o conflito entre o país patrimonialista e a agenda do eleitor mediano, que pede bolsa família, regulação do salário mínimo. Estas duas pressões estão nos levando ao descontrole econômico”, destacou Samuel.

Por que a coisa desandou? A sociedade de forma coletiva vai criando as narrativas de como as coisas funcionam. Por acaso, tivemos no centro da formulação da política econômica, estimulada pelo presidente Lula, uma leitura do processo do desenvolvimento econômico que nos colocou no desvio.

Todo o cenário econômico depende da aprovação de medidas aprovadas no Governo Temer. O Congresso Nacional, que tirou a presidente, está convencido da necessidade de reformas. Há um processo evolutivo na sociedade brasileira, que aprende com seus erros.

“O nosso desenho institucional maior está mais evoluído que a economia, que tem problemas de modelos mentais e ordem ideológica. Isso pode nos levar para a evolução, por um caminho meio fácil de saber. “O inferno somos nós”, concluiu Samuel.

Kelly Lubiato, de Florianópolis
Revista Apólice

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