De fato, o primeiro papel documentado como uma apólice de seguro, uma apólice comercial, data de 13 de fevereiro de 1343. Ela cobria 10 fardos de linho em uma viagem entre Pisa e Sicília; era uma apólice pay-per-use (pague por uso, em tradução livre) em um carregamento temporário. Isso ocorreu no meio do período renascentista italiano.
Avançando 673 anos entra-se na era do seguro baseado no uso e as apólices pay-as-you-go (pagamento feito na medida do uso) estão cada vez mais em voga. A grande diferença entre hoje e a época da Renascença, no entanto, é a tecnologia. Não há caminhos para voltar, é possível apenas seguir em frente.
Se a economia compartilhada com consumo colaborativo se expande, o modelo sob demanda continua a crescer, e o modelo pay-as-you-use continua a criar opções inovadoras, isso teria implicações dramáticas no longo prazo para os seguros – e quase todas elas são positivas do ponto de vista das Insurtechs. Então, é preciso considerar o que o seguro baseado no uso significa para os consumidores, o que fará pelos seguradores e como eles precisarão preparar suas empresas para aproveitar essa maré.
Consumidores e a economia pay-as-you-use
Pay-as-you-use é um princípio econômico comum, baseado nas soluções de tecnologia atuais. A única maneira de tornar isso rentável é fazer com que o consumido veja os variáveis benefícios de sua utilização, a facilidade de utilização e despesas flexibilizadas.
Quando uma empresa nos EUA introduziu a cobertura pay-per-mile (pague por milha, em tradução livre) para motoristas, naturalmente isso chamou mais a atenção de motoristas que rodavam pouco com seus carros. Assim, eles sentiram que, finalmente, seriam tratados de maneira adequada. Eles se beneficiaram de menos dólares pagos em prêmios e eram recompensados com uma experiência customizada que fazia com que eles se sentissem reconhecidos.
Os consumidores de hoje construíram, por meio de suas preferências, a experiência digital, valorização de relacionamento, sob demanda, economia compartilhada etc. O Airbnb, por exemplo, está transformando o tempo desperdiçado em inatividade em atividade e receita produtiva. Essa companhia e outras transformaram o aparelho celular em um poderoso mercado de opções maneiras de uso simplificadas, padronizando a qualidade do serviço e a transparência na precificação. Essas tendências levarão alguns clientes a só fazer negócios com aqueles que possam fornecer coberturas baseadas no uso.
A janela da oportunidade
Está aberta de novo. A janela da oportunidade está aberta para seguradores que desejam preparar seus modelos de negócios, produtos, processos e sistemas para abranger a cultura do pay-as-you-go. Um relatório elaborado por uma consultoria sobre os hábitos dos consumidores de seguros afirma que os clientes estão mais interessados em receber um preço justo do que estão em ganhar o menor preço.
O relatório também mostra que em todos os grupos geracionais o seguro automóvel baseado na utilização do motorista é bem aceito por 30% a 50% dos entrevistados considerariam o seguro pago por uso e uma porcentagem semelhante tem interesse em seguros por demanda, para um evento específico, item ou hora do dia.
Essa estatística representa muito, considerando que os entrevistados são todos segurados – dispostos a permanecer ou trocar de companhia com base em seus sentimentos sobre o que é justo, a qualidade de serviço, valores e necessidade. Seguradores que não estiverem preparados precisam se preparar agora e rápido!
A.C.
Revista Apólice