Ultima atualização 26 de março

Edição 217

capa | aconseg-rj

Susep aposta nas assessorias de seguro da Aconseg-Rio

Associação das Empresas de Assessoria e Consultoria de Seguros do Rio de Janeiro mostra a importância deste segmento para o mercado

O titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Joaquim Mendanha de Ataídes, afirmou que o trabalho realizado pelas assessorias de seguros é extremamente importante para que o corretor exerça o seu papel efetivo de levar a proteção ao consumidor. “Os números mostram sua relevância na produção do segmento: somente no Rio de Janeiro, essas empresas foram responsáveis por R$ 1,5 bilhão em prêmios no ano passado, oferecendo infraestrutura e consultoria para mais de 3.500 corretores”, frisou. O executivo foi homenageado em almoço oferecido pela Associação das Empresas de Assessoria e Consultoria de Seguros do Rio de Janeiro (Aconseg-RJ), em 23 de novembro, na capital fluminense. Na ocasião, o superintendente convidou a entidade a fazer parte da Comissão da Susep com o mercado, que está sendo reativada pela autarquia para promover maior interação com os players do setor. “A Aconseg-RJ cabe muito bem em uma das subcomissões que serão formadas, para que possa representar os interesses das assessorias em nossas reuniões técnicas”, afirmou.

O evento contou ainda com a presença dos líderes de grandes seguradoras, como Bradesco Seguros, SulAmérica, Tokio Marine, Sompo Seguros, Amil, Suhai, Mapfre, AIG, HDI, Essor e Mitsui Sumitomo. “O prestígio dessas grandes companhias deixa claro que elas também reconhecem a importância das assessorias para o crescimento do setor e para a disseminação da cultura do seguro no País”, observou Mendanha. Em 2015, as assessorias do Rio englobaram aproximadamente 60% da produção de Auto do estado e cerca de 40% das demais carteiras.

O presidente da Aconseg-RJ, Luiz Philipe Baeta Neves, reafirmou que contará com o apoio de Mendanha, que é corretor de seguros, na missão de buscar sempre a valorização da categoria e das assessorias de seguros. “Corretores, seguradoras, entidades e consumidores precisam conhecer o valor dessas empresas para o conforto e a tranquilidade das famílias e empresas do nosso estado. É hora de dar mais visibilidade ao trabalho que nós realizamos de forma pioneira e inovadora no Brasil”, disse.

Novo momento da Aconseg-RJ

Em saudação aos convidados do evento, Baeta Neves destacou a presença do superintendente da Susep num evento da Aconseg-RJ, aliado às iniciativas inovadoras de modernização da entidade como um marco de uma nova etapa para os associados, seguradoras parceiras, corretores e para o mercado de seguros em geral.

“É uma honra receber cada um de vocês aqui presentes, em especial, o superintendente da Susep, nesta grande confraternização de seguradores, corretores, empresários e lideranças do setor, reunidos nesta singela mas calorosa homenagem que a diretoria e as empresas da Aconseg-RJ prestam ao titular desta autarquia do Ministério da Fazenda”, disse o presidente.

Ele lembrou ainda que a maioria das grandes seguradoras que atuam no estado do Rio de Janeiro utilizam o canal das assessorias de seguros da associação para o relacionamento com os corretores. “Para as companhias que operam conosco, significa uma grande redução de seus quadros de funcionários e de seus gastos administrativos e comerciais. Por isso, o modelo vem se expandindo em todo o Brasil”, explicou Baeta.

Outra meta desta gestão é fortalecer a marca Aconseg-RJ, atraindo um maior número de empresas associadas e, assim, conquistar novas seguradoras parceiras e os jovens corretores, recém-formados pela Escola Nacional de Seguros ou em início de carreira.

O resultado, segundo o presidente, será o aumento da arrecadação de prêmios. Para isso, uma das medidas adotadas foi o desenvolvimento de uma nova estratégia de comunicação para a entidade, com a modernização do site, que já se tornou um fórum de debates para mais de 30 mil corretores e profissionais do mercado, a reformulação da revista impressa da entidade e a presença nas redes sociais, além de campanha de valorização do corretor.

“A ideia é abrir esses canais a todos os públicos: seguradoras, corretores de seguros, entidades parceiras e consumidores. Todos precisam conhecer a importância das assessorias para o crescimento do mercado de seguros no Rio e para a tranquilidade das famílias e empresas do nosso estado. É hora de dar mais visibilidade a esse trabalho que realizamos de forma pioneira e inovadora no País”, explicou. De acordo com o executivo, o apoio da Susep é fundamental para que isso ocorra. O novo titular da autarquia também é corretor de seguros. “Queremos que ele cerre fileiras conosco nessa luta diária para demonstrar o valor que a nossa atividade tem hoje para a produção do setor”, finalizou.

A Aconseg-RJ congrega empresas que fornecem recursos tecnológicos, administrativos e de gestão aos corretores de seguros, para que eles se dediquem somente às vendas de seguros.

Campanha de sucesso

A campanha Corretor Certo, lançada pela diretoria da Aconseg-RJ, obteve mais de mil cadastros em menos de dez dias no hotsite www.corretorcerto.com. A iniciativa inédita disponibiliza kit de divulgação digital para corretores de todo o
Brasil. “É preciso que estes profissionais tenham meios efetivos de mostrar que se diferenciam de canais de distribuição alternativos, como agentes bancários, empresas de proteção veicular, internet, entre outros”, explica o presidente da entidade.

Além de infográfico, o kit gratuito contém um Certificado digitalizado, Selo Certificador para inserção em sites, banners e assinaturas de e-mail personalizadas com o slogan: seguro só com corretor de seguros.

 

longevidade | intergeracionalidade

Investindo nas próximas gerações

Os brasileiros caminham para a longevidade e estão aprendendo a se preparar para o futuro. Muitos contam com a ajuda dos avós, idosos ativos que auxiliam na garantia da tranquilidade financeira dos netos

Lívia Sousa

Se num passado recente a frase “a vida começa aos 40” soava com certa estranheza aos ouvidos das pessoas, agora pode-se dizer que ela não só é verdadeira como em alguns países a população já vive essa nova realidade. Entre 2000 e 2015, a expectativa de vida no mundo aumentou cinco anos – o maior crescimento desde os anos 1960, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com isso, na Suíça a idade média chegou a 83,4 anos. Na Austrália e na Espanha, a 82,8. Já os franceses vivem, em média, 82,4 anos. Mas é no Japão que estão as pessoas mais velhas do mundo, alcançando uma média de 83,7 anos.

Apesar de registrar um número inferior (75 anos), o Brasil também caminha para a longevidade. Entre 2005 e 2015, a proporção de brasileiros com mais de 60 anos cresceu em velocidade superior à da média mundial, saindo de 9,8% para 14,3%, de acordo com o relatório Síntese de Indicadores Sociais 2016, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outros dados divulgados pela OMS apontam que o grupo da terceira idade, que hoje soma 24,4 milhões de pessoas e representa 12% da população brasileira, será de 30% em 2050, saltando para 70 milhões. Para o especialista em envelhecimento e presidente do Centro Internacional de Longevidade-Brasil (ILC-Brasil), Alexandre Kalache, o País passa por uma revolução da longevidade. “As pessoas estão vivendo por muito mais tempo e isso vai ter um impacto profundo em todas as etapas da vida do indivíduo”, afirma.

Envelhecer, no entanto, é um processo complexo e exige boas atitudes para se garantir mais estabilidade e conforto na terceira idade. Por isso, essa revolução atinge não só quem já chegou aos 65 anos, mas também os jovens, que devem começar a se preparar para uma vida mais longeva o quanto antes. “Antigamente a vida era uma corrida de 100 metros: você vinha com toda energia para chegar ao fim, e esse fim era curto. Hoje ela está muito mais para uma maratona, em que você tem que ter estratégia, saber o que está fazendo, ter instrumentos e ferramentas”, compara Kalache.

Quatro capitais são essenciais para completar essa maratona. O primeiro deles é a saúde, responsável por fornecer uma melhor qualidade de vida na terceira idade. Em seguida vêm os relacionamentos, pois todo idoso necessita do amparo e cuidado de amigos e familiares. Com a explosão da tecnologia é importante que eles também busquem aprender mais, mas devem receber estímulos da sociedade para que o aprendizado seja mais fácil. Por fim, o capital financeiro será essencial para se viver bem.

“Envelhecer não é fácil. Você perde status, muitas vezes perde o sobrenome da empresa para a qual trabalhava e se torna um aposentado. Até a palavra é cruel, porque aposento eram casas grandes e antigas, em que o idoso ficava fora de visão. E isso complica a noção de que se vive bem apenas com a aposentadoria”, diz Kalache, classificando como inadiável a discussão sobre a reforma previdenciária.

Auxílio

Enquanto nos anos 1960 a taxa de fecundidade no País era de seis filhos por mulher, hoje chega a menos de dois. Com cada vez menos crianças, jovens e adolescentes, não vai demorar para que também se tenha menos adultos, que serão responsáveis por suportar um grupo maior de aposentados no futuro. Para uma nação como o Brasil, que envelhece antes de enriquecer, o cenário preocupa.

Já pensando na própria velhice, muitos jovens buscam acumular capital. A Pesquisa Aegon de Preparo para Aposentadoria, realizada pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, revela que 76% dos jovens de 20 a 29 anos têm um plano traçado para suas aposentadorias, seja formal ou não. No entanto, Kalache chama atenção para o fato de que eles encontram dificuldades para guardar dinheiro. Os jovens não sabem exatamente como se planejar para esse futuro sabendo que o emprego é instável e que a “vida ordenada”, de ir para o mesmo emprego durante anos e ao final ter uma aposentadoria, está se tornando uma raridade.

Para ajudar a nova geração, a terceira idade entra em cena. Os idosos têm renda de aproximadamente R$ 500 bilhões/ano, 44% maior que a média da população brasileira. Em alguns casos, a renda a mais é gerada pelo novo perfil da terceira idade – em torno de 30% desse coletivo continuam colocados no mercado de trabalho. Em outros, é resultado dos idosos que conseguiram economizar, chegar com um patrimônio importante na velhice e que hoje envelhecem com saúde e recursos. Por isso, eles investem também no futuro das novas gerações, sobretudo dos netos. “Depois de certa idade você não está mais preocupado em fazer carreira, mas em deixar um legado, em ser lembrado na velhice e depois da morte. E uma das formas de ser lembrado é compartilhando o ‘pé de meia’ que conseguiu com quem ainda não chegou lá”, afirma Kalache.

Citando o próprio pai, que adquiriu uma caderneta de poupança para cada neto, ele assegura que o melhor presente dos avós para os netos é a compra de uma apólice que possa ser capitalizada ao longo da vida. Se a criança for prudente no futuro, será resguardada até chegar ao seu próprio envelhecimento.

Previdência privada

Os pais buscam garantir para a criança aquilo que não puderam ter, sobretudo os da classe C, ou aquilo que lhes custou muito para conseguir. Já os avós desejam oferecer aos netos o que não puderam dar aos próprios filhos. “Em todos os casos, o foco é proporcionar a conquista de um projeto de vida que trará melhorias para a condição social da criança no futuro, por meio da educação”, declara Soraia Fidalgo, superintendente de Clientes da Brasilprev.

Um dos meios mais utilizados para se alcançar este objetivo é contratando um plano de previdência privada. Dados divulgados pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) indicam que dos R$ 6,44 bilhões investidos nos planos individuais em setembro deste ano, R$ 151,44 milhões foram destinados aos planos para menores

Até junho passado, na Brasilprev, os avós correspondiam a 6% da base de clientes dos planos Brasilprev Junior, produto voltado às pessoas com idade entre zero e 21 anos. Em 2015, este número chegava a 5%. O plano foi criado para que os clientes utilizassem os recursos ainda jovens e se transformou em uma ferramenta para apoiar pais ou responsáveis na formação de reserva para custear projetos de filhos, sobrinhos e netos – principalmente relacionados à educação, como curso técnico, de idiomas, faculdade ou pós-graduação. Contudo, o investimento pode ser direcionado a outros objetivos, como uma viagem, um intercâmbio ou mesmo a abertura do próprio negócio.

A maior parte dos avós participantes do plano (51%) no período tinha entre 61 e 70 anos de idade; 2% entre 41 e 50 anos; 20% 51 e 60 anos e 27% estavam na faixa acima dos 70. Quanto aos beneficiários, a maioria possuía entre sete e 14 anos (56%); 11% de zero a seis, 17% de 15 a 17 anos, e 12% de 18 a 21 anos de idade. O tíquete médio das contribuições realizadas pelos avós era de R$ 124, ante os R$ 107 em 2015, um crescimento de 16%.

O Grupo Bradesco Seguros, por sua vez, conta com mais de 200 mil participantes (que representam 12% de sua carteira de planos individuais em previdência complementar aberta) nos Planos para Menores, modalidade que segundo o diretor geral da Bradesco Vida e Previdência e da Bradesco Capitalização, Jorge Nasser, é uma das que mais têm crescido nos últimos anos. “Na prática, os planos para menores são basicamente iguais aos demais oferecidos em previdência. Apenas a comunicação relativa ao produto – incluindo, por exemplo, ações e peças de relacionamento, como extratos – é especificamente voltada para o público a que se destina”, explica o executivo.

Quanto mais cedo o participante aderir a um plano de previdência privada, melhor, pois assim ele obtém maior prazo de diferimento para alcançar a meta pretendida. E quanto maior for o prazo de contribuição, menor será o valor do aporte exigido para alcançar essa meta. Contudo, Nasser ressalta que a previdência privada não é o único veículo para planejamento do futuro. “As vantagens proporcionadas pelos fundos de previdência privada como instrumentos de planejamento sucessório também constituem importante diferencial para um público com idades mais avançadas”, acrescenta.

Os fundos não integram inventário e custas judiciais, sendo os recursos distribuídos de forma ágil em decorrência da falta do participante; oferecem flexibilidade quanto à indicação e alteração de beneficiários, assim como na forma de devolução da reserva, por pagamento único ou renda certa; e asseguram eficiência tributária, com tributação regressiva, alcançando alíquota de IR de 10% após dez anos.

Seguro de vida

Os avós também buscam precaver os entes em caso de algum incidente e, para isso, recorrem aos seguros de vida que disponibilizam produtos específicos para esse público. “A maior preocupação dos nossos segurados é garantir a tranquilidade financeira de seus filhos e netos”, afirma Nasser, da Bradesco. A companhia dispõe de um seguro de vida específico para quem tem entre 60 e 80 anos de idade. De janeiro a outubro deste ano, as vendas do produto cresceram 84,4% em quantidade de apólices e 62,8% em volume financeiro, na comparação com o mesmo período de 2015.

Em média, os seguros de vida voltados à terceira idade fornecem indenizações de R$ 100 mil, além de benefícios como desconto em farmácias, orientações esportivas e nutricionais e assistência funeral. O custo é compatível com a faixa etária e tem se mostrado importante principalmente para pagamento de inventário. Por outro lado, o produto tem algumas restrições se comparado com um seguro de vida para pessoas mais jovens. “O pagamento progressivo da indenização de até 24 meses, por exemplo, passa a ser integral após este período. Neste plano, é possível contratar apenas a cobertura básica que é a morte com assistência funeral”, pontua Lucas Amendola, gerente Comercial da corretora Seguralta.

A tendência, segundo Nasser, é que a demanda pelo produto se mantenha aquecida à medida que os conceitos de planejamento sucessório e educação financeira avancem. Já Amendola acredita que a expansão se dará também em outros tipos de proteção, considerando que aos poucos os brasileiros estão assimilando a cultura do seguro e sua devida importância.

Seguro educacional

R$ 34 milhões foram gastos com os seguros educacionais até setembro passado. O valor, de acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), é 19% maior que as cifras somadas em 2015 e 62% superior ao montante registrado em setembro do mesmo ano.

O salto recente se deu em razão, principalmente, da crise econômica. Porém, apesar de trazer coberturas com forte apelo, a procura pelo produto ainda não é tão expressiva. “Houve um salto e isso parte da consciência previdenciária. O brasileiro passou a ter essa preocupação, principalmente os pais ou os responsáveis financeiros. Mas ainda há um campo enorme a se explorar e isso é uma boa oportunidade”, garante Alexandre Vicente, diretor de Seguros Pessoais da Liberty Seguros.

O seguro educacional funciona como uma proteção financeira, garantindo o pagamento das mensalidades em casos de desemprego ou morte dos pais ou do responsável financeiro que, muitas vezes, são os avós. “O seguro possui um custo muito baixo de contratação, que gira em torno de 1% a 2% do valor da mensalidade, e está à disposição tanto de universidades e faculdades, como de colégios”, explica o diretor de Benefícios da BR Insurance, Aquiles Poli.

Algumas seguradoras também oferecem assistência aos alunos em caso de acidente dentro da instituição de ensino ou em eventos externos promovidos por ela, no período em que o estudante estiver matriculado. Entre as principais coberturas estão assistência médico-hospitalares e odontológicas emergenciais em caso de acidente, transporte em caso de acidente, tratamento fisioterápico, transmissão de mensagens urgentes e reposição de aulas com professores particulares.

“A responsabilidade de uma instituição de ensino também permeia o bem estar e segurança de seus colaboradores e alunos. Com o seguro, é possível oferecer maior proteção e assistências em caso de acidentes”, diz Jaime Prazeres, gerente comercial do Seguro Vida da Porto Seguro.

Normalmente, em razão das características do produto, o seguro educacional é contratado pela instituição de ensino. A contratação também pode ser feita de maneira individual, mas neste caso o interessado deve contratar um seguro de vida com uma cobertura adicional que englobe coberturas para escolas ou faculdades.

Mercado atento

O mercado segurador está sempre atento às oportunidades oriundas de mudanças de hábitos, culturais, econômicas e também demográficas. Hoje, de um modo geral, já existem produtos voltados para a terceira idade, mas seus preços altos são um reflexo da idade e riscos associados.

O diretor-executivo do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, Henrique Noya, aposta que no curto prazo serão apresentadas soluções mais criativas e inovadoras na maneira de avaliar esse segmento. “Acredito que logo surgirão produtos de seguros específicos e mais eficientes, a preços com mais poder de penetração”, afirma, acrescentando que no cenário de transformação demográfica o mercado segurador tem a missão de ajudar as pessoas a assumir a responsabilidade por seu futuro financeiro. “Se vamos todos viver por mais tempo, aumenta a importância de poupar”, conclui.

 

saúde | qualidade de vida

A longevidade hoje

Os planos de saúde são de extrema importância para os idosos e, aliados a boas práticas e cuidados, podem trazer qualidade de vida à terceira idade

Amanda Cruz

Quando o Brasil começou a envelhecer e inverter sua pirâmide demográfica, principalmente no começo dos anos 90, a preocupação era principalmente sobre o quanto esses idosos iriam viver.

Em 2016, o IBGE aponta que os idosos representam 11,34% da população brasileira (22,9 milhões de pessoas). Nos próximos 20 anos esse número deverá triplicar. Segundo a OMS, o Brasil será o sexto país no mundo em números de idosos até 2025.

A preocupação hoje é com a qualidade de vida. Por isso, muito se fala em prevenção e cuidados que devem ser tomados para não apenas chegar aos 70, 80 anos, mas para chegar lá bem. Essa cultura de antecipação dos cuidados é bastante útil aos jovens, mas como se aplica ao idoso? Em um País onde existem apenas mil geriatras, de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, como a saúde suplementar pode cuidar do longevo de hoje?

Acredita-se que tudo começa pelas escolhas que são feitas. A FenaSaúde usos esse mote como tema de seu 2° Seminário. A conta a ser paga no final do mês pela saúde suplementar está insustentável e algo precisa ser mudado, esse é o fato. Enquanto isso, a entidade tenta encontrar maneiras para que os beneficiários não fiquem desassistidos. O boletim da Saúde Suplementar apresentou o momento de dificuldade: mais de um milhão de beneficiários deixaram os planos de saúde, apenas no Sudeste. “Há uma clara relação entre a dinâmica do mercado de trabalho formal e o desenvolvimento do mercado de Saúde Suplementar. Com a retração das atividades econômicas, houve queda do número de beneficiários. Os planos coletivos empresariais são responsáveis por 66% dos vínculos”, analisa Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da FenaSaúde.

Se a dificuldade é grande para aqueles que estão em idade de trabalho, os idosos têm menos opções ainda. Dentro do universo de beneficiários, de cerca de 48 milhões de vínculos, pessoas com mais de 60 anos representam 12,7% do total, de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mas precisam
de cuidados muito mais elaborados.

Pensando nisso, a autarquia desenvolveu um programa chamado Projeto Idoso Bem Cuidado, que consiste em parcerias com instituições comprometidas com o envelhecimento ativo. Segundo a entidade, a ideia do projeto surgiu da necessidade de melhorar o cuidado aos idosos que possuem planos privados de saúde no Brasil e da necessidade de debater e reorientar os modelos de prestação e remuneração de serviços na saúde suplementar.

Enquanto sociedade, o aumento da expectativa de vida é um grande triunfo, mas traz a conta e seus desafios. “Será necessário repensar a estrutura de atendimento à população, de modo a criar um sistema mais sustentável que considere a coordenação do cuidado ao idoso para cada fase do envelhecimento até, se necessário, o cuidado paliativo”, acredita o vice-presidente de Saúde e Odonto da SulAmérica, Maurício Lopes.

Quando se fala em idosos, fala-se também de doenças degenerativas, como a hipertensão, diabetes e as neoplasias. Hoje essas doenças são muito bem tratadas e têm uma alta taxa de sobrevida. Assim é também a maioria dos casos de câncer que, se antes eram quase uma sentença de morte, hoje têm alta chance de cura, especialmente se descoberto no início. Com esses tratamentos vêm também um custo alto. “Cada vez mais, conseguimos tratar de maneira eficiente determinada doença, mas com alto custo de exames e tratamento. Obviamente, a preocupação da operadora, que faz o equilíbrio financeiro disso, está em tirar a capacidade de custear, financiar esse tipo de processos conciliando com os seus interesses de negócios, suas margens etc, isso fica cada vez mais difícil”, aponta Francisco Vignoli, médico e fundador da B2Saúde. Ele afirma ainda que 1,5% dos beneficiários de saúde representam 60% dos custos, ou seja, mais da metade do que se arrecada vai para uma parcela mínima de pessoas. “O princípio básico do mutualismo, em saúde, é muito mais complexo. Enquanto na previdência, por exemplo, a conta do benefício é feita em cima de um valor sólido, conhecido, na saúde você não tem esse pré-conhecimento de quanto irá gastar. Há tratamentos que chegam a R$ 80 mil mensais sem prazo para acabar”, esclarece Vignoli.

Há tempo para o cuidado?

A adoção de um estilo de vida que seja equilibrado, saudável e feliz – unindo boa alimentação, exercícios físicos, cuidado coma saúde mental etc – é a fórmula tão disseminada para uma vida longeva e com qualidade. A própria SulAmérica desenvolve o Programa Saúde Ativa para estimular as mudanças de comportamento objetivando uma vida mais saudável, para segurados de todas as idades. Mas a saúde suplementar tem longevos em sua carteira hoje, que precisam de cuidados mais do que nunca, e dentro desse tipo de programa é preciso existir um recorte que sustente as pessoas com 65 anos ou mais.

Empresas de gestão de saúde têm ocupado essa lacuna do mercado de saúde e auxiliado as operadoras a cuidar melhor de sua carteira na terceira idade. “Nós temos um programa que acompanha tanto os idosos saudáveis, para que eles mantenham a sua qualidade de vida, quanto aqueles que possuem doenças crônicas. Temos idosos que não têm nenhuma doença crônica, mas que tem algum comprometimento em seu dia a dia por razões físicas, sociais ou financeiras”, é o que conta Ana Cláudia Pinto, médica PhD e professora, sobre a sua experiência como diretora de produtos da empresa Healthways, especializada nesses cuidados. Ficam fora desses tipos de programas pessoas com dificuldade cognitivas, como pacientes com Alzheimer, pois a participação e interação ativa do idoso são fundamentais para o desenvolvimento do programa.

Idosos têm maneiras diferentes de lidar com a cultura da promoção de saúde, da prevenção de doenças, do que as outras gerações. “Naturalmente, a conscientização sobre a importância dos hábitos saudáveis costuma aumentar ao longo da vida e, infelizmente, isso ocorre muitas vezes após complicações de saúde decorrentes de um estilo de vida inadequado”, comenta Lopes. Para esse idoso, a dica é abordar a fragilidade (síndrome de múltiplas causas caracterizada por perda de força e resistência e diminuição da função fisiológica), que deve ser utilizada no gerenciamento da sua saúde. Também se faz premente a mudança na estratégia de cuidados, que não deve ser focada em tratar os eventos agudos, mas sim focar a coordenação do cuidado, visando a estabilização do quadro e de suas doenças crônicas e a manutenção da capacidade funcional e da autonomia pelo maior tempo possível.

Quanto antes o cuidado vier, menos surpresas desagradáveis o idosos encontrará. Vignoli lembra que o estilo de vida é crucial porque dois terços das doenças são criados pelas próprias pessoas, por seus hábitos. Em média, 41% da população têm sobrepeso ou é obesa. Esse é um fator que pode ser mudado, mas que entregará consequências da mesma maneira, pois não será erradicado da noite para o dia. As mudanças nos hábitos têm sido percebidas nos últimos 30, 40 anos. Ainda assim, as doenças crônicas causadas pelos maus hábitos continuam cobrando seu preço.

As operadoras se alinham, portanto, com as empresas de saúde para tentar atender esse público, mesmo com as contas nem sempre fechando, pois eles são capazes de trazer autonomia e melhora para vida do idoso e fazer da carteira de saúde uma operação mais saudável e com menos impacto para as companhias. Essas empresas geralmente são responsáveis pelo cuidado com fatores como alimentação e atividades físicas, gerenciamento de riscos de acidentes em suas casas, além de atendimento para tirar dúvidas sobre tratamentos e recomendações. “A gama de atendimento vai desde o idoso saudável até o momento de mais necessidade, como uma situação de emergência, necessidade de resgate etc.”, conta Ana Cláudia. A queda, por exemplo, é um risco que precisa de muita atenção, pois pode transformar idosos ativos em saudáveis em pessoas debilitadas, com graves problemas de mobilidade.

Os idosos são, muitas vezes, solitários. Esse fator tem sido a pista seguida para tratar desses beneficiários com outro olhar. Nem sempre a principal privação da terceira idade está relacionada com alguma doença, mas muitas vezes com a falta de espaço no convívio com a sociedade, com a família. Isso afeta diretamente a saúde mental dessas pessoas. “Com as questões de saúde, o idoso tem que aprender a conviver. Eu acredito que o maior desafio é a parte social. Porque, mesmo sendo saudável, se estiver sozinho, a falta de interação social afetará a saúde dele”, pontua Ana Cláudia.

Pensando soluções

A saúde suplementar não quer desamparar esses idosos, mas a complicação de seus casos são desafios enormes para a carteira e acabam somando-se a outros fatores, como a judicialização da saúde, a inflação médica, o mau uso e o abuso, que não são pautas diretamente ligadas aos idosos presentes nas carteiras de planos de saúde, mas que acabam por tirar recursos que poderiam ir para tratamentos necessários e efetivos. “Vivemos uma era de delírio no que diz respeito ao financiamento da saúde. A constituição dá uma definição de saúde como universalizada e, na prática, isso não funciona porque todo o exagero não funciona”, opina o médico Francisco Vignoli.

Portanto, é preciso cortar excessos e colocar mais dinheiro nessa conta, porque se os dois fatores continuarem a crescer, nem idosos nem pessoas em outras faixas etárias poderão contar com o sistema de saúde suplementar. Medidas como exigir daqueles ainda ativos que contribua financeiramente para a previdência da saúde, o VGBL Saúde; para aqueles que já estão no sistema, volta à fórmula básica, mas impactante: mudanças no modelo, nos cálculos e abolição da política de risco total, refrear a inclusão de tratamentos experimentais que têm altos custos e pouca comprovação de resultado. “Existem várias formas, mas o grande problema é identificar o desperdício. Analisar se a quantidade de exames, procedimentos, tipos de cirurgias são adequados à situação. Muitas vezes, nesse sistema assimétrico, há hospitais com grande lucro e operadoras com prejuízo. Esse posicionamento não está bom, a estrutura precisa ser mais simétrica”, comenta Vignoli.

Um conjunto de coisas que culminam em melhores práticas. Indivíduos mais saudáveis alinhados com operadoras mais preparadas com certeza produzem um mercado mais sólido. Mas é preciso reconhecer as parcerias e observar as necessidades mais de perto, pois se as operadoras não estiverem preparadas, as mudanças ocorrerão da mesma forma. “Percebemos que existem que se preocupam, mas elas não são a maioria. O que é bastante interessante é que as próprias pessoas começam a cobrar esse tipo de coisa. Elas estão fazendo sua própria revolução na saúde, estejam as operadoras junto ou não”, celebra Ana Claúdia.

A terceira idade é almejada como a fase de descanso, de missão de trabalho cumprida e momento de aproveitar a calmaria que chega com os anos de dedicação e a sabedoria adquirida. Mas o que os idosos têm encontrado nem sempre é um futuro acolhedor. Por conta das discrepâncias e preocupações que chegam e parece não ter uma resolução rápida, ainda mais para quem espera o cuidado hoje, o médico Vignoli alerta: “estamos chegando a um momento que não adianta apenas aumentar o valor do plano, porque uma hora a conta não vai mais ser paga”, finaliza.

 

sustentabilidade | energia

Força de renovação

Os desafios do clima passam pelo tipo de energia utilizada. A meta é apostar cada vez mais em fontes limpas e renováveis e ampliar o envolvimento do mercado de seguros nas iniciativas ambientais

Amanda Cruz

Se nos últimos meses o mercado financeiro e o mercado de seguros comemoraram a retomada do crescimento na área de óleo e gás, outra vertente vem igualmente ganhando espaço nos dois setores: as energias renováveis.

A 22ª Conferência do Clima, realizada em Marrakesh, no Marrocos, trouxe o mercado de seguros como um potencial apoio para que questões ambientais almejadas, como a diminuição de emissão de gases poluentes, a utilização de energias renováveis e a mitigação dos impactos de desastres climáticos em países com infraestrutura precária, trazendo-o para mais perto da realidade.

A escolha do local da realização do encontro das nações foi pertinente, já que o continente africano entrou no cerne da preocupação ambiental. Uma das metas do encontro era ampliar as vozes dos países da região que mais sofrem com as mudanças do clima.

Apontado como um player fundamental, os países contam com a indústria seguradora para proteger pessoas em situação de vulnerabilidade. Apenas pagar a conta de um desastre não resolve, é preciso ajudar a perceber e a minimizar os riscos. Além de ampliar o alcance dos produtos para cuidar dessas fragilidades, essa é a oportunidade do mercado de mostrar, mundialmente, seu lado social. A doutora em Saúde Pública e da área de Comunicação de Riscos Ambientais e Tecnológicos, Cilene Victor da Silva, participa ativamente de encontros como conferências da ONU e a própria COP, que discutem temas ambientais. Ela afirma que a relação dos seguros com desastres é recorrente. “A minha percepção, participando desses eventos, é que a indústria de seguros é fundamental em todas essas discussões, no que diz respeito a mitigar e promover ações de adaptação às mudanças climáticas e seus impactos, que já são realidade”, aponta.

O esforço do mercado entraria, por exemplo, na ajuda a pequenos agricultores que já sofrem com as mudanças. Durante a COP22, um encontro de nove países selou o interesse em intensificar esse tema. Ao menos é o que diz um comunicado oficial intitulado: “Declaração Conjunta sobre InsuResilience – A Iniciativa sobre o Seguro de Risco Climático”, disponível para consulta no site do evento. Entre os juramentos de países como Alemanha, Itália e Canadá, estão diretrizes como ampliar o apoio dado a países em situação de vulnerabilidade, além de ajudar no financiamento dessas iniciativas. Se, em 2015, os membros do G7 lançaram um pacote de ação para agilizar essa ajuda, arrecadando US$ 420 milhões para amparar pelo menos 180 milhões de pessoas em situação de insegurança, este ano a inicitiva chegou aos US$ 550 milhões, após a entrada da União Europeia e da Holanda na corrente. Além disso, companhias privadas que queiram apoiar o projeto serão conclamadas pelos participantes.

Embora esse movimento exista, Cilene destaca que percebe que o mercado de seguros precisa se conciliar com a comunidade científica. “Parece que a indústria do seguro ainda não se encontrou. Falta mais ação. Quando esses desastres ocorrem nós estamos falando de duas questões: das perdas de vidas humanas e também das perdas materiais”, afirma. Isso é destacado porque após essas tragédias as pessoas costumam voltar a esses locais de risco para tentar salvar os bens que ainda restam, bens necessários para sua sobrevivência e a sua participação na sociedade, aí é que está o desastre que o setor pode ajudar a sanar. De acordo com relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em março de 2016, uma em cada quatro mortes no ano de 2012 estão relacionadas com o meio ambiente, totalizando 12,6 milhões. São doenças como diarreia, dengue, zyca e até distúrbios mentais como estresse, que estão relacionadas a esse tema. No Brasil, de 15% a 16% das doenças poderiam ser evitadas se medidas ambientais fossem tomadas. As seguradoras têm o poder do gerenciamento de riscos nas mãos para auxiliar as prefeituras e governos para evitar esse tipo de situação: as mortes evitáveis que ainda ocorrem.

Trabalhar a prevenção sempre será o caminho do setor, não importa para onde se olhe. O descuido que atrasa o mercado de seguros a estabelecer uma ajuda efetiva pode estar na maneira como encara suas responsabilidades; o costume de enxergar apenas a partir de um ponto de vista próprio, não olhando pelo prisma dos ambientalistas. Cilene dá dicas que ela acredita serem fundamentais para o mercado de seguros ser mais efetivo: “a questão não é vender o seguro em si. É, na verdade, participar, ajudar a promover ações e soluções de prevenção”, afirma a especialista. Envolvendo-se com outros atores importantes como governos, outras empresas da iniciativa privada, banco mundial e a ONU, cria-se uma corrente sólida. “Essa população, antes de mais nada, tem que ser informada. Saber a quais tipos de sinistros ela está vulnerável, em que situações os bens dela serão preservados”, aconselha. Ela acredita ainda que as empresas de seguro ainda não entenderam – “talvez por uma leitura de não se identificarem como um setor protagonista na área” – que são extremamente importantes para ajudar a fazer com que essas metas sejam atingidas em qualquer lugar do mundo. Para conseguir isso é preciso partir de programas, acordos e projetos que já estão em andamento e que já contam com resoluções, adicionando sua expertise.

As diretrizes do clima mundial estão acessíveis em três documentos principais. O Marco de Sendai, no Japão; o Acordo de Paris, que entrou em vigor no começo de novembro e que será o norte das decisões, e a Agenda 2030, que traz 17 objetivos do desenvolvimento sustentável. “Eu acredito que as empresas de seguro precisam ler esses documentos com um pouco mais de atenção para conseguir entender melhor o seu próprio papel”, pontua Cilene. O mercado de seguros terá protagonismo quando se adaptar. Tanto é verdade que David Stevens, representante do escritório da ONU para a Redução de Riscos de Desastre, é bastante próximo das seguradoras e entidades do mercado, pois o braço da organização tem como meta trazer a conscientização para a população e sabe que esse é um bom caminho. Um objetivo afim ao do setor.

A questão é, principalmente, cultural. A meta é migrar da cultura do desastre para a cultura da prevenção. De ser aquele que apenas paga, para se tornar aquele que evita que tragédias ocorram. Mariana, Minas Gerais, continua a ser um bom exemplo. Apesar de não ter sido um desastre climático, mas tecnológico, se transformou em uma tragédia ambiental. “Assim que o desastre aconteceu, todos falavam em um desastre anunciado, mas a verdade é que nós não o anunciamos; os desastres são construídos de maneira silenciosa todos os dias, ao longo do tempo. As empresas de seguro, assim como a imprensa, os formuladores de políticas públicas e a sociedade de maneira geral não estão inseridos na cultura de proteção e não a promovem”, ressalta a doutora.

O Brasil e as energias renováveis

Os esforços ambientais no Brasil passam, principalmente, pelo desenvolvimento de energias renováveis. Embora tenha sido um destaque importante na COP 21, em 2015, não atingiu o mesmo patamar em 2016 e acabou minimizando os esforços já realizados. Mesmo assim, há movimentos significativos em busca de um lugar ao sol mais sustentável. Um dos caminhos que o mercado de seguros está ajudando a traçar nesse sentido é o das energias renováveis, principalmente solar e eólica, que cresceram 30% nos últimos dez anos, indo de 2,8% na particpação da oferta de energia interna em 2004 para 4,1% em 2014. Outras fontes também fazem parte da matriz do País, como Petróleo e seus derivados.

Seguindo essa tendência do setor elétrico, há aproximadamente cinco anos, o mercado de seguros amadureceu a oferta de proteção para esses produtores, o apetite cresceu e a rentabilidade também aumentou, conforme conta Tiago Moraes, líder da prática de Power & Utilities da Marsh Brasil. “Quando a energia eólica veio para o Brasil, tínhamos uma condição de investimento muito favorável. O mercado de seguros sabia que teria um bom retorno, a situação financeira era boa e as chances de sinistros, muito baixas”, explica. Os fornecedores chegaram e ficaram, e então veio a estabilização. O preço extremamente baixo que trouxe players com condições muito agressivas no mercado não poderia durar para sempre, então a produção se estabilizou, deixando no Brasil apenas os atores resilientes. “O nível de fornecimento e os projetos que estão sendo viabilizados no Brasil, hoje, são muito mais sustentáveis que os últimos projetos daquele período. Na época, todo mundo veio com apetite muito grande, crendo nas energias renováveis como o melhor negócio do mundo”, completa Moraes.

Isso não quer dizer que os negócios mudaram drasticamente. A energia eólica e a solar ainda são muito mais baratas e vantajosas, comparadas com outras fontes. Moraes conta que “o custo dessas energias ajuda muito o mercado de seguros. Utilizar um painel solar ou um parque eólico com risco modular é muito mais fácil e menos arriscado do que uma hidrelétrica, que pode romper uma barragem”, alerta.

As condições macroeconômicas também não parecem ter desestimulado o setor, que se mantém perene. “Nós identificamos na área de energia, principalmente no setor da matriz de geração renovável, um importante segmento para atuação em nossas linhas de negócios patrimoniais”, conta Leonardo Semenovitch, diretor-presidente da Travelers Seguros. A companhia lançou, em 2016, soluções para essas fontes renováveis disponíveis para proprietários, investidores, construtores e concessionários dos serviços de geração de energia renovável. “Sem dúvidas, o produto de destaque que pode contribuir para esse mercado é o patrimonial – Property e Casualty, para que os riscos inerentes à atuação das empresas não resultem na interrupção de seus negócios”, diz Semenovitch sobre a experiência. Essa carteira inclui proteções como cobertura para equipamentos, operações e a análise do risco, que é extremamente necessária para conhecer o perfil exato de contratação. O executivo ressalta ainda Riscos de Energia, Responsabilidade Civil e os Resseguros como carteiras importantes para o desenvolvimento dessa operação.

O Brasil é um dos países com mais tecnologia e desenvolvimento em energias renováveis ao redor do mundo. O relatório da Agência Ambiental da ONU o coloca na terceira posição entre os países que mais investem em energias renováveis. “Quando o Brasil olhou para as energias solar e eólica já trouxe tecnologias muito desenvolvidas. A Dinamarca, uma das pioneiras no setor, e até hoje referência, fez as primeiras eólicas e enfrentou os primeiros e maiores sinistros. Todos os problemas que existiram na energia eólica aconteceram enquanto o Brasil estava investindo em hidrelétrica”, conta o executivo da Marsh. Segundo ele, esses avanços fizeram com que todos os players do mercado queiram hoje ser os maiores da carteira.

Futuro e sustentabilidade

Não há garantias e nem mesmo indícios fortes de que as energias solar e eólica tenham potencial de substituição frente à energia das hidrelétricas. “Não temos como definir, exatamente, como será o futuro da geração de energia. Atualmente, o crescimento da produção de renovável é expressivo, além de contribuir para o meio ambiente e para a vida da sociedade. Dessa maneira, podemos esperar
uma consolidação e crescimento deste mercado, como uma tendência mundial”, afirma o presidente da Trevelers.

Tiago Moraes, da Marsh, também acredita nesse crescimento, ainda que não o veja suficientemente como fonte de substituição. “Objetivo é ter mais renovável. A substituição não é o foco porque esses são tipos de energia intermitentes, que não dão estabilidade. Temos a previsão do tempo, mas, mesmo assim, não há como garantir que ventará ou fará sol. Mesmo assim, vejo o setor trabalhando em algo que, em breve, fará muita diferença que é o seguro de riscos climáticos”, aponta.

O futuro dependerá da sensibilização da sociedade e de um despertar mais focado em conhecimento, tanto ambiental quanto de seguro. A evolução da cultura de gerenciamento de riscos ainda é um processo em desenvolvimento; ao mesmo tempo, é a chave para a longevidade dos negócios e também para a melhora das condições de vida no planeta. As transformações caminham juntas com o mercado, e a lição que fica para os seguradores, resseguradores e corretores de seguros que lidam com esse tema é a de encontrar o protagonismo nas pautas de discussões ambientais por meio da ação, do envolvimento. É entender e encontrar o seu lugar de destaque, ajudar efetivamente a mitigar os riscos, não só remediar os danos.

Hidrelétrica é energia renovável?

Quando se fala em energias re-nováveis e limpas, geralmente as hidrelétricas ficam de fora. A água é um bem natural que pode ser reutilizadona geração de energias, a existência de hidrelétricas não fazem com que a água acabe. Por esse ângulo, ela também não emite poluentes enquanto gera energia.

Mesmo assim, diversos ambientalistas descartam essa forma de geração de energia como uma das alternativas sustentáveis devido ao grande impacto ambiental, atingindo flora, fauna, populações indígenas e ribeirinhas das regiões onde são construídas.

 

evento | saúde

As escolhas da saúde suplementar

O 2º Fórum de Saúde Suplementar tratou das escolhas e caminhos para o desenvolvimento deste setor

Amanda Cruz

Chegou o momento do mercado de saúde fazer suas mais importantes escolhas. Não apenas a Saúde Suplementar, tema central do fórum realizado pela FenaSaúde, no Rio de Janeiro, mas também a saúde pública. Chegou a hora das duas aprenderem a caminhar juntas.

O dinheiro da saúde suplementar, como costuma enfatizar Solange Beatriz, presidente da FenaSaúde, não é uma fonte sem fim e o orçamento tem ficado cada vez mais apertado para arcar com todas as coberturas e procedimentos que são exigidos e dar conta também da inflação médica e da judicialização, além das fraudes.

Todas as decisões a serem tomadas passam por toda a cadeia: consumidores – que precisam entender seu papel na saúde suplementar e utilizar seus planos com consciência – prestadores, operadoras e regulador trabalhando em conjunto para que a conta feche.

Marcio Coriolano, presidente da CNseg, lembrou que o aumento da taxa de desemprego e a queda da renda são fatores importantes que levaram o mercado de saúde a se estagnar, como ocorre também nos casos dos planos odontológicos. Embora as PMEs ainda mantenham o posto de queridinhas do mercado, essa realidade não poderá ser sustentada apenas por elas. “A inflação médica está entre 15% e 20%. Essa é uma restrição de acesso absurda, que faz os números da saúde suplementar decrescerem”, apontou o presidente.

Outra autoridade presente no evento, o diretor-presidente da ANS, José Carlos Abrahão, mostrou-se empenhado em fazer da autarquia um órgão não só fiscalizador, mas participativo, que ajude o restante do mercado a encontrar soluções. “O País tem que acabar com essa falta de credibilidade e crise de futuro”, afirmou o líder da autarquia ao dizer que acredita que o setor de saúde é influente para trazer mudanças internas e externas a sua atividade.

Enfrentando a economia

Octavio Barros, diretor e economista-chefe do Banco Bradesco, foi o responsável pelo painel sobre perspectivas econômicas e apontou que a crise que vemos hoje no Brasil não é uma jabuticaba. “Não há mais locomotivas no mundo. Estamos vendo uma estagnação secular global”, pontuou. Além da desigualdade “brutal” apontada por Barros, há a questão do envelhecimento, que não está ligada apenas à previdência, social ou complementar, mas a uma população que precisará mais de cuidado médico e pode não encontrar um mercado privado que lhe dê melhores condições de tratamento.

E o cenário não anima. O FMI considera qualquer crescimento de uma economia em torno de 2,5% uma recessão. A previsão de crescimento econômico mundial esse ano é de 2,7%. A eleição de Trump, nos EUA, deverá trazer um protecionismo que deverá conspirar contra o crescimento do país, na visão de Barros.

No Brasil, o país que mais envelhecerá até 2060, também adota essa postura. “Entre os 40 países mais ricos do mundo, o Brasil é o mais protecionista. A abertura econômica é a salvação brasileira”, indicou o economista.

Desde 2014, o PIB brasileiro caiu 10,4 pontos percentuais. “Sendo otimistas, imaginando crescimento de 1% em 2017, voltaremos ao nível de atividade apenas em 2021”, disse.

Enquanto isso, as previsões do economista incluem um pico de 13% que só deverá começar a diminuir no final do próximo ano, mas não deverá, tão cedo, atingir patamares mais baixos. Como exemplo, São Paulo, em menos de dois anos, demitiu 1,5 milhão de pessoas.

O colapso iminente

Em meio a tudo isso, o mercado de saúde espera por esse crescimento de PIB para poder respirar. Marcos Bosi Ferraz, professor da Unifesp, disse que só o “desenvolvimento econômico e social leva à saúde. Um indivíduo mais saudável é, também, mais produtivo”, afirmou. Portanto, é um sistema que se retroalimenta e devem caminhar juntos.

Isso leva a outra escolha, como país: hoje, 8% do PIB é direcionado à saúde. A pergunta feita é se esse é um montante suficiente, se não for, deve avançar sobre outras fatias da divisão da economia, como educação, por exemplo?

Para Bosi, países desenvolvidos e em desenvolvimento precisam exercer e encarar esses processos de escolha, tendo como base os valores da sociedade. “Precisamos entender que o mundo tem discussões que aqui ainda nem começaram”, destacou.

Questões sociais, como a eutanásia também levantam a necessidade de analisar a discussão entre liberdade individual e justiça médica. “Não há errado ou certo. Há aquilo que queremos”, refletiu.

O modelo deve mudar. É necessário priorizar medidas eficientes com considerações em longo prazo. Para isso: investimentos feitos com base em estratégias de mercado, regulamentação clara, estimativa de riscos e de incertezas. “O mercado pede essa mudança. Vamos decidir o que queremos”, afirmou Bossi.

O RH é parte importante na cadeia de discussão, já que os planos de saúde empresariais representam uma fatia significante dentro dessa crise: esse tipo de contratação caiu 3,2% nos últimos 12 meses. Paulo Sardinha, presidente da associação de recursos humanos do Rio de Janeiro, destacou que o RH muitas vezes é afastado da solução de contratação do benefício, que é passado direto para o departamento financeiro. “É preciso tirar a saúde da área financeira e levá-la à área da produtividade e competitividade”, afirmou. O RH se envolve mais na hora de rever os planos. A saída que tem sido utilizada é diminuir a qualidade do contrato, mas Sardinha não acredita nessa saída de precarização.

Marcio Coriolano, da CNseg, colocou seu ponto de vista no painel, afirmando que o sistema de planos de saúde não conseguem exercer plenamente suas funções por conta do tamanho das exigência. “É impossível uma seguradora em um pequeno município conseguir suportar três transplantes em um mês. não há recursos para isso”, elucidou. E completou. “Acredito que devemos pedir mais regulação. É hora da ANS entrar em campo para pactuar novos modelos”. Abrahão, presidente da reguladora de saúde, concordou e afirmou que “a principal mensagem a ser deixada é que precisamos sair do discurso e partir para a ação. O sistema de saúde brasileiro é desejo de diversos países. É preciso melhorá-lo, unir o público e o privado”, afirmou.

Já Gustavo Gusso, professor da Universidade de São Paulo, aposta no modelo que prioriza a utilização de médicos generaliza, diminuindo a procura direta da população por especialistas. “Cuidados especializados são necessários a uma parte pequena da população”, explicou. Para ele, o médico generalista deve fazer a primeira avaliação e decidir se o paciente, de fato, precisa se consultar com um médico com direcionamento específico. “A atenção primária não é restringir o acesso, mas colocar paciente junto ao médico correto”, disse.

Todas essas ações e propostas têm uma preocupação em comum, verbalizada por Sérgio Santos, CEO da Amil. “Se não houver mudanças a saúde, todas as empresas vão quebrar. A saúde suplementar vai acabar.”

 

tecnologia | insurance meeting

Inovação, disrupção, ação

Enquanto o mercado se adapta às tecnologias já utilizadas, novas surgem para trazer ainda mais mudanças. A saída é agir rápido para acompanhar as inovações

Amanda Cruz

O que a tecnologia pode trazer às empresas e o que é responsabilidade delas colocarem em prática? As mudanças aceleradas do cotidiano, impactadas pelas medidas disruptivas, muitas provocadas pelas startups de tecnologia, foi o tema do primeiro painel da edição 2016 do Insurance Service Meeting, evento promovido pela CNseg, em Campinas.

O professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Luis Rasquilha, falou da mudança de mentalidade que hoje já faz parte da infância, mas que ainda precisa chegar com mais força aos mercados. “54% das crianças inglesas confiam mais no Google do que nos pais”, conta Rasquilha. Elas já sabem que a internet e os gadgets proporcionam um conhecimento que vai além do que pode ser guardado na cabeça. “O estranho, hoje, é quem não está conectado. Há uma mudança de geração”, disse sobre o que ele chama de fusão entre pessoas e máquinas.

Para o mercado

O que você tem que mais ninguém no mercado tem? A empresa precisa ser relevante. O professor afirma que os processos realmente disruptivos não acontecem dentro das empresas que já existem, porque elas se sentem confortáveis com o que já têm e deixam de pensar em novas soluções. Os novos entrantes é que mudam o jogo. “Qualquer empresa de táxi poderia ter feito o Uber. Qualquer hotel poderia ter criado o Airbnb. Por que não fizeram? Porque estavam confortáveis”, provocou.

Para o palestrante, a preocupação não é o que surge na tecnologia, mas como as empresas ligam os pontos, se reinventam. Empresas estão presas a modelos tradicionais e precisam testar rapidamente novas tecnologias, antes que fiquem obsoletas. “Inovação não é tecnologia, inovação é atitude”, decretou.

Para que essa atitude seja tomada é preciso maturidade. Embora essa seja uma afirmativa quase obvia repetida à exaustão em diversos mercados, o CEO da Capgemini, Paulo Marcelo, lembrou que a realidade pode ser muito diferente do discurso, de acordo com pesquisa feita pela consultoria: 60% dos executivos acreditam que o impacto digital mudará o mercado, mas apenas 30% têm planos para a mudança. Muitas profissões só existem hoje por causa dessas transformações. “Poucas empresas conseguirão ser completamente digitais, mas as companhias que não dependem de um produto físico, como as seguradoras, podem conseguir isso”, afirmou. Portanto, o caminho para o setor é criar produtos mais flexíveis e personalizados a seus clientes. “São as experiências cotidianas com o seguro que fazem a diferença. A capacidade de participar do que está acontecendo por meio de dispositivos e redes sociais”, reforçou Marcelo.

É a nova geração, não só a Y, que chegou mudando tudo, mas a Z, que cresce com ainda mais força disruptiva. Miguel Buenos, diretor da Serasa Experian, acredita que o Brasil já está trilhando esse caminho e usa como exemplo as agências de viagens. Ele dá ainda outras ideias: a realidade aumentada, por exemplo, é uma tecnologia que poderia ser utilizada para avisos de sinistros ou avaliação de subscrição. Assim, vêm ganhando espaço as Insurtechs. Mesmo com o mercado caminhando, Buenos indagou: “estamos preparados para todas essas ferramentas, esses novos consumidores e colaboradores? Como vender um seguro para um youtuber?”.

Paulo Marcelo vê ainda outra questão a ser abordada: a relação com os colaboradores de tecnologia da informação. “É preciso mudar a postura dos mercados de seguros com TI, entendendo que ela faz parte do negócio, que não deve atuar de forma isolada”, apontou. Os profissionais precisam saber como as tecnologias se aplicam às suas áreas de negócios. Por isso, Buenos tem uma sugestão: “abra a mente. Saia do dia a dia. Deixe que o ócio funcione.”

Mediação

E o corretor de seguros, como fica nessa onda tecnológica? Para eles, muitas vezes, essas tecnologias são grandes ameaças, monstros que crescem e se alimentam desse medo de mudanças. Essa ameaça pode se transformar em uma grande oportunidade se a ação for o ingrediente principal da atuação. Sem se reposicionar e acompanhar o mercado, o corretor não se sustentará. “Os corretores passarão por momentos duros em suas carreiras. Os produtos de prateleira serão, cada vez mais, contratados diretamente”, avisou Buenos.

Até mesmo as malas de viagem podem estar com os dias contados: as impressoras 3D, assim que ficarem mais acessíveis, permitirão que as pessoas imprimam suas próprias roupas, minimizando a quantidade de bagagem que precisam para suas viagens. Loucura? Isso já está sendo produzido por Danit Peleg, estilista em uma universidade de design de Israel, já imprime essas peças e avisa que seu intuito é que, em breve, as pessoas possam desenhar e imprimir suas roupas sem sair de casa. “Você aperta um botão e o mundo é seu. Esse comentário, que já é feito há pelo menos 50 anos, é agora a realidade”, afirmou Mukul Ahuja, diretor da Deloitte. Ele salientou que a humanidade se transformou em uma “vila global, mais rápida a cada dia” e que o digital foi capaz de mudar como as pessoas são. Novidades como os carros sem motoristas impactarão o cotidiano e o mercado de seguros. Para o segundo, exigirão experiências just-in-time, como a possibilidade de contratar um seguro episódico, como para um vôo, já de dentro do aeroporto, para não sofrer perdas caso ele atrase ou seja cancelado. A validade do contrato acabaria assim que o avião pousasse em seu destino. Ou ainda um aparelho fotográfico que pudesse ser segurado apenas minutos antes do fotógrafo sair de casa com o equipamento. Basicamente, essa flexibilização seria possível para diversos outros bens. Diferentes cenários, com diferentes combinações. Para Ahuja, é crucial o entendimento e a melhora da experiência do cliente, a sua jornada junto à companhia. No Reino Unido, os brokers já avaliam hábitos e elementos deixados pelos clientes nas redes, as pegadas digitais, para formular produtos e moldar seus alvos.

Um olhar para todos os players do mercado, esses produtos on demand e just in time já existe, feito na hora, por um período menor, apontou Roberto Ciccone, sócio responsável pelo setor de seguros na Everis na região Américas, avisando: “não se pode deixar a tecnologia chegar para começar a se preparar.”

Se tudo isso assusta, Andreia Eicchorn, executiva global da IBM, deu mais alguns exemplos: ela acredita que os consumidores hoje se sentem mais à vontade em ambientes digitais, sentindo-se livres para tirar dúvidas que não teria com outra pessoa. Ela apresentou uma solução cognitiva já existente: Watson é utilizado para o atendimento ao cliente e, segundo Andreia, sabe identificar se a pessoa na outra linha está feliz, zangada, insatisfeita etc. “O Watson pode dizer qual é o seu humor, destacar pontos da conversa e possibilitar que os agentes façam melhores escolhas”, afirmou. Além disso, os sistemas cognitivos são capazes de ajudar médicos a concluírem seus diagnósticos. As máquinas estão sendo trabalhadas não apenas para operar algumas situações, mas também para aprender e melhorar o que já existe, a comunicação, compatibilidades e possibilidades das informações que recolhem. Capacidade não só de armazenar informações, mas de aglutiná-las de maneira mais efetiva. Mas os sistemas só não bastam. Há três passos muito importantes: pensar grande, começar pequeno e se expandir rápido.

Os sinais estão aí. Muitos avanços foram feitos e a experiência tecnológica no mercado segurador é hoje apenas a 14ª melhor. Como mudar isso? Lembrando, como Andreia, de que por mais que as soluções cognitivas sejam eficientes elas não substituem aqueles que têm que tomar as decisões. “Eu não acredito que as máquinas se voltarão contra as pessoas”, brincou Andreia.

 

evento | cist

Transportes em pauta

Especialistas nacionais e internacionais se reuniram em São Paulo para debater os desafios e as melhores práticas do setor

Lívia Sousa

Responsável por mais de 60% do volume de mercadorias movimentadas no Brasil, o transporte rodoviário de cargas esbarra em inúmeros gargalos. Além dos desafios já conhecidos, como o roubo de carga, a malha rodoviária insuficiente para atender às necessidades logísticas do País, o setor e sua indústria seguradora sentem os impactados das incertezas impostas pela retração da economia.

Em busca de respostas para esses entraves, especialistas nacionais e internacionais se reuniram no 4º Simpósio Exposcist, organizado pelo Clube Internacional de Seguros de Transportes (CIST), em São Paulo. “É uma grande oportunidade para a expansão do conhecimento. Levantamos tudo com muito empenho para debatermos sobre os rumos e o futuro do seguro de transporte de cargas e para disseminarmos as melhores práticas e nos tornarmos profissionais melhores”, destacou o presidente da entidade, José Geraldo da Silva, no discurso de abertura.

Secretário geral da Asociacion Latinoamericana de Suscriptores Maritimos (Alsum), Leonardo Umana reforçou a parceria com o Clube, iniciada há dois anos. A aliança deve ganhar ainda mais força com a chegada de uma opção virtual de capacitação na área. “Trata-se de um curso online que funciona com sucesso em espanhol e que foi estruturado por profissionais ingleses, americanos e latino-americanos”, explicou.

A ideia é que a versão em português seja adaptada às necessidades do mercado local com a colaboração do CIST, que já analisa os 42 módulos do curso e estuda como enquadrar o conteúdo, originalmente em espanhol, à legislação e ao clausulado brasileiro. Silva assegurou que a novidade vai agregar valor para as seguradoras de transporte de carga nacional, mas disse ainda não ser possível apontar quando o material online será disponibilizado aos profissionais brasileiros. “É preciso analisar números, a relação custo-benefício. Ajustar o conteúdo às leis locais é um processo demorado e custoso. Dependendo do investimento necessário, podemos desenvolver e estruturar o curso aqui e colocar a bandeira da Alsum”, afirmou.

Também marcaram presença no evento o presidente da Associação Paulista dos Técnicos de Seguro, Osmar Bertacini; e o presidente da Asociación Internacional de Investigadores del Roubo de Autos (IAATI LatinoAmérica), Daniel Beck.

Acidentes rodoviários de cargas

Quase todos os acidentes rodoviários envolvem um motorista profissional. Entre as causas estão as condições da estrada, do trânsito e do meio ambiente, mas principalmente a falha do próprio motorista, incluindo a imprudência, a velocidade incompatível com a via e a fadiga ao volante. Segundo os médicos de tráfego, aproximadamente 90% dos acidentes deriva do fator humano.

Esses acontecimentos impressionam não só em sua forma física, mas também quando são apresentados em estatísticas. Dados divulgados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) em 2014 mostravam que o número de acidentados graves no trânsito ultrapassava os 200 mil anualmente. Apenas em rodovias federais, os gastos associados às vítimas chegavam a R$ 8 bilhões. Outros R$ 5 bilhões eram destinados aos veículos, considerando a perda de carga.

“O consumo de energia do motorista influencia nas causas dos acidentes. O ato de segurar o volante por muitas horas pode levar ao cansaço e à fadiga. Já as dores no pescoço e nas costas decorrem da musculatura contraída por tempo prolongado”, explicou Henrique Naoki Shimabukuro, médico especialista em medicina de tráfego e ex-diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). A jornada de trabalho também é determinante. “A grande maioria dos motoristas trabalha de 10 a 16 horas por dia”, acrescentou.

Contudo, os profissionais cometem outros equívocos. Os erros alimentares, por exemplo, estão presentes na rotina de 98% desses motoristas, seguidos do sedentarismo (96%). Os dois hábitos levam ao mal súbito, ao infarto e à apneia do sono, que provoca sonolência diurna excessiva, falta de atenção, dificuldade de concentração e alterações de humor. Somente no ano passado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou 4.056 acidentes de trânsito nas estradas brasileiras, dos quais a suposta causa foi dormir ao volante. Destes, 328 tiveram vítimas fatais e 835 resultaram em feridos graves.

Na lista de hábitos equivocados estão ainda o álcool (58%), as drogas (16%), o tabagismo (38%) e o uso do rebite (32%), droga sintética que atua no sistema nervoso central e estimula o motorista a acelerar seu ritmo de trabalho.

Salvar vidas dá lucro

“Não fizemos nada que o mercado não conheça, só aplicamos disciplina”. Este é o “segredo” de Ramon Alcaraz, fundador e presidente da Fadel Transportes e Logística. Concentrada na região Sudeste, a empresa realiza mais de 1500 entregas por dia e era surpreendida pelo tombamento de um caminhão a cada mês. Em um sistema que considerava a experiência profissional do motorista e supostamente controlava a velocidade do veículo, encontrar o erro era o desafio.

As mudanças ocorreram em 2014, quando o controle dos veículos passou a considerar três variáveis: frenagem brusca, excesso de velocidade e a chamada força G (que identifica se o condutor realizou uma força maior com a tendência de tombamento do caminhão). Rotas mapeadas com paradas programadas em locais cadastrados, controle de jornada online, veículos equipados com airbag e sistema de travamento do motorista reserva em caso de cabine leito também foram adotados.

“Investimos R$ 300 mil por ano. Para uma empresa média como a nossa, que conta com três mil funcionários, é um custo baixo perto dos ganhos que tivemos”, declarou Alcaraz, lembrando que o uso da tecnologia sem uma boa gestão não é capaz de solucionar os problemas de qualquer empresa. “Mudanças organizacionais são importantes não só no discurso”.

Medidas simples foram grandes aliadas. Após constatar que os motoristas envolvidos em acidentes tinham características semelhantes, a companhia passou a reuni-los para chegar ao perfil de profissional ideal. Hoje, contrata condutores que mais se aproximam deste grupo. Tão importante quanto foi o investimento em um rotograma para definir a velocidade permitida por trechos da rodovia. A cada excesso cometido em uma das três variáveis, o condutor recebe pontos em seu prontuário eletrônico. Alguns deles são admissíveis e exigem que o motorista passe por um sistema de reciclagem de treinamento, mas em caso de excessos graves o sistema gera “bolas pretas”. Apenas uma bola preta é necessária para justa causa. “Este nunca é o ponto em que queremos chegar. Se enquanto o profissional passar seu crachá o sistema identificar que ele é um motorista ‘bola preta’, ele nem consegue ligar o caminhão”, explicou.

Os ganhos são claros. Enquanto em setembro de 2015 a companhia registrou 100 mil picos de velocidade, menos de um ano depois o número caiu para 328. As ocorrências envolvendo acidentes de trabalho, com ou sem afastamento do motorista, também reduziram: de 15 ocorrências em 2015 para uma expectativa de 11 até o final deste ano. Hoje, a Fadel sente o aumento de produtividade após o controle efetivo de velocidade e tempo de parada do motorista e tem menos de um tombamento de caminhão por semestre. “Um investimento de R$ 300 mil nos deu um ganho, só de acidentes de tombamento e conserto de caminhão, de R$ 1,7 milhão por ano”, finalizou Alcaraz.

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