Ultima atualização 26 de março

Ramo aeronáutico pode aprender com os acidentes

Quedas podem acentuar contratação de apólices e acirrar competição no mercado

O aumento nos prêmios das apólices do ramo aeronáutico deverão se acentuar após o acidente ocorrido na última terça-feira (24) com o Airbus A320, da companhia Germanwings. O avião, que levava ao menos 148 pessoas, saiu de Barcelona (Espanha) com destino a Duesseldorf (Alemanha) e caiu nos Alpes franceses. Não há sobreviventes e equipes trabalham na localização e identificação das vítimas.

O advogado especialista em seguros e acidentes aeronáuticos, Julio Costa, sócio do Tauil & Chequer Advogados, afirma que ainda não é possível saber quanto o mercado deverá crescer, mas há uma tendência de alta. “Após ter superado o impacto negativo decorrente das incertezas e das perdas decorrentes dos eventos de ‘11 de setembro’, o ramo aeronáutico vivenciou um longo período de soft market. A acirrada competitividade, aliada a excessiva capacidade dos mercados, reduziram as taxas a níveis insustentáveis. É natural que as últimas quatro catástrofes aéreas, todas ocorridas em um curto período de tempo, auxiliem no rebalanceamento do mercado”, aposta o executivo.

Segundo Costa, um dos fatores que contribui para a reação do mercado ressegurador internacional é a ocorrência de três sinistros aéreos no continente asiático: em 2014, dois Boeings operados pela Malaysia Airlines e um Airbus operado pela Air Asia também sofreram perda total, resultando na morte de aproximadamente 700 pessoas entre passageiros e tripulantes.

Por outro lado, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) registrou uma redução de 14% do número de acidentes envolvendo aeronaves matriculadas no Brasil, tendência positiva verificada nos últimos três anos. O executivo afirma que os operadores brasileiros também deverão ser penalizados com o aumento dos prêmios nas renovações de suas apólices, esclarecendo que o fenômeno se deve ao mutualismo.

Além dos casos já citados, outros desastres aéreos figuram entre os piores da história. Um deles é o Acidente de Tenerife, que em 1977 causou a morte de 583 pessoas após a colisão de duas aeronaves próximas ao solo do aeroporto de Gran Canária, onde instantes antes havia explodido uma bomba. No Brasil, figuram entre os acidentes mais conhecidos o Fokker 100 da companhia TAM (que após deixar o aeroporto de Congonhas rumo ao Rio de Janeiro, em 1996, caiu sobre residências do bairro Jabaquara/SP. Morreram os 96 passageiros, além de três pessoas em terra), o Boeing B737-800 da Gol (que saiu de Manaus com destino a Brasília e colidiu com um jato Legacy da Embraer e caiu na Serra do Cachimbo (MT), resultando em 154 vítimas) e o Airbus A320 da TAM (que atravessou a pista do aeroporto de Congonhas (SP) e colidiu contra um hangar da mesma companhia área. 199 pessoas morreram, sendo 12 delas que trabalhavam no hangar).

Há uma crescente conscientização do mercado segurador quanto à necessidade de melhor gerenciar os riscos advindos das grandes catástrofes. “Isso se reflete não apenas na adoção das habituais medidas contingenciais, mas também em relação àquelas de caráter humanitário, como a implementação de programas de assistência aos familiares das vítimas, bem como a adoção de meios alternativos para a rápida resolução de conflitos”, finaliza Costa.

Lívia Sousa
Revista Apólice

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