Ultima atualização 05 de setembro

Microsseguro à brasileira: o nudge da capitalização

O Centro para Regulação e Inclusão Financeira (CENFRI), da África do Sul, confirmou aquilo que vários operadores do mercado securitário e de capitalização já sabiam: os títulos de capitalização (TCs) são o nudge para efetivar o microsseguro. É que o aspecto lotérico, inerente aos TCs, atrai as classes C, D e E para a aquisição de coberturas de riscos, compensando a falta de cultura securitária. O CENFRI confirmou que tanto faz se a pessoa humilde adquire um seguro por consciência ou pelo sorteio oferecido, pois, nos dois casos, a cobertura vem a reboque e o ganho social é consolidado.
Richard Thaler e Cass Sunstein, no livro “Nudge: O empurrão para a Escolha Certa”, defendem que pequenas atitudes, como mudar a posição dos alimentos em uma lanchonete escolar, podem melhorar os hábitos alimentares dos estudantes. Isso também se aplica à dobradinha microsseguro/capitalização, na qual a “cutucada”, que levará ao seguro, reside no sorteio. Uma seguradora aplicou esse método comercializando seguros premiáveis em Santa Catarina. Com os danos causados pelas chuvas, milhares de pessoas refizeram seu patrimônio com esse seguro. Nessas horas, mesmo que o foco sejam os prêmios, o cidadão se familiariza com o seguro e passa a considerá-lo necessário: nasce a cultura securitária.
Discutiu-se se seria correto vender seguros premiáveis para os interessados somente no aspecto lúdico e não na própria cobertura. Esse debate revela a pouca evolução do mercado e da administração pública, pois, se os TCs podem realizar sorteios mesmo sem a cobertura securitária, como somar o atrativo rebaixaria esse instituto? O cidadão, por direito, pode adquirir um sorteio da Caixa Econômica Federal ou de alguma Sociedade de Capitalização ou, então, adquirir um seguro premiável. A segunda opção, por acaso, desabona a escolha?
Aos detratores do seguro premiável, caberia à população desenvolver a cultura securitária por meios acadêmicos. Enquanto o milagre não acontece, as pessoas continuam perdendo seus patrimônios por falta de cobertura. Além disso, falta de recursos não significa falta de discernimento pessoal. Cabe a cada um decidir pela compra. O seguro premiável é um produto brasileiro, em que o sorteio induz à compra, permitindo às pessoas resguardarem seu patrimônio, o que significa um importante passo para deixarmos para trás nosso subdesenvolvimento.

* Ricardo Athanásio Felinto de Oliveira é vice-presidente da Aplub Capitalização e membro da diretoria da FenaCap

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